Só por puro masoquismo o eleitor paulistano reelegeria Cerra no segundo turno.
Porquanto Ruçomano – a outra hecatombe alucinógena – foi afastada,
graças possivelmente a alguma espécie de iluminação à beira do abismo
que acometeu unanimemente todos os candidatos a prefeito em Sampa,
fazendo de Ruçomano não só o alvo comum de todos os ataques, como
rigorosamente de tiro ao alvo. Mas foi por pouco, dada a votação (tipo
22%) relativamente expressiva da abantesma em pauta.
Voltando ao Cerra, repito: só por puro masoquismo o eleitor paulista
reelegeria o nosso vampirinho de plantão pro segundo turno, configurando
algo como “o Retorno do Ressentido”,
parafraseando malandramente Lacan, sem contar a Antecipação do
Esquecimento (uma vez que já não se trata de Falta de Memória Política),
tão comum ao homo otarius paulistano,
classe média-média e média-alta, conformado após duas décadas de
gestões tucano-demoníacas, cujo julgamento eleitoral vai mixando, sem
mais aquela, política, religião & mensalão.
Memória que desde já me proponho a refrescar não fosse esse mesmo
Cerra a assinar e referendar em cartório, jurar de pés juntos que
“jamais deixaria a prefeitura em 2008” e, também sem mais aquela, dar no
pé pra se candidatar à Presidência – o que, do meu ponto de vista, foi
esplêndido, não só por deixar a gestão da minha cidade em troca duma
Presidência que, de qualquer jeito, ele ia perder – contudo legando uma
herança maldita – representada por Kassab, o pupilo
autista-autoritário-come quieto de Jorge Bornhausen – pro paulistano
amargar durante oito anos intermináveis.
E terminando o mandato com uma rejeição história de cerca de 60%, o
sujeitinho é perito em soltar contramedidas e manobras divergentes, tipo
retirar saquinhos plásticos do supermercado, impor silêncio nas feiras
livres, proibir cartazes na cidade & bobagens afins, enquanto dá-lhe
obras e mais obras no melhor estilo Maluf (que a grande mídia faz
questão absoluta de NÃO REPORTAR), ganhando por fora das empreiteiras e
cujo único legado é ter incrementado – infinitamente – a Parada Gay em
Sampa!
Tais gestões tucano-demoníaco-privatistas transformaram a Sampa dos
anos 70 – dum cosmopolitismo que prometia uma espécie de mix de Nova
York com Hong Kong e naturalmente pré-TeaParty – nesta pós-Sampa dos
anos 2000 – uma Mega-Curitiba, atrozmente conservadora, provinciana,
careta, tacanha, “politicamente correta” e caipira (cruzes!). Um estado –
e respectiva capital – literalmente oco. Sinceramente, dá vontade de
mudar pra Pago-Pago!
Quanto a Serra, lembramos ainda seu comportamento autoritário,
inacessível, irascível, tipo tirano não-esclarecido (burro mesmo), sua
estratégia política truculenta, diante das greves dos professores,
policiais, etc.etc.etc. Em suma: seu alheamento e tolerância zero
perante qualquer reivindicação, inclusive do próprio eleitorado, até
porque o paulista (capital e estado), por algum motivo que me escapa
completamente, vota sistematicamente em quem administra CONTRA os
interesses da população que o elege!
Por isso, nós – intelectuais, professores, artistas, formadores de
opinião – desta vez, nos reunimos num movimento sem precedentes em
vários anos – mais de vinte, trinta? – em torno de Fernando Haddad
porque, além de qualificado, carismático e com propostas sociais claras e
concretas, surge como uma opção verdadeira numa eleição controversa e
plena de absurdos eleitorais.
Aliás, Fernando Haddad é nossa Única Opção, salvo zebras posteriores,
nas quais absolutamente não acredito, até porque, apoiado por todos
nós, Haddad terá uma responsabilidade redobrada e por uma razão muito
simples: nós vamos cobrar.
Quem somos “nós”? Antonio Cândido, Dalmo Dallari, Marilena Chauí,
Paul Singer, Gabriel Cohn, Zé Celso Martinez Correia, Maria Rita Kehl,
João Adolfo Hansen, Sergio Miceli, Márcia Denser, Roniwalter Jatobá,
Luiz Gê, José Miguel Wisnick, Ermínia Maricato, Maria Vitória Benevides,
Olgaria Matos, Altamiro Borges, André Singer, Celso Favaretto, Ismail
Xavier, Ladislaw Dowbor, João Sette Withaker, Laura Mello e Souza, Luiz
Roncari, Raquel Rolnik, Ricardo Musse, Vladimir Safatle, etc.etc.etc.
By the way: eis os “intelectuais” de Cerra: FHC (of course) Bruna Lombardi (who?) e Agnaldo Timóteo – que, por falar nisso, não se reelegeu.
Que descansem em paz.
ET: Querem apostar que NÃO vai ter debate na Globo (sobretudo na
Globo)? Na civilização da imagem, qual é o maluco do marqueteiro que
iria reeditar Serra-Nixon vs Haddad-Kennedy?
Fonte :Congresso em Foco
Essa parece desconhcer que o eleitorado brasileiro, não apenas paulista e paraense, já foi muitas vezes á beria da imundice elegendo gente dessa laia e nada indica que não fará outras vezes
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