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Gigantes no passado, empresas lutam para se manter no topo


Elas já foram gigantes. Dominaram o mercado internacional em setores como tecnologia, internet e comunicação. Mas, ao longo dos anos, perderam espaço e tamanho e se tornaram empresas quase comuns. Algumas não conseguiram lidar com a concorrência, outras perderam a batalha da constante inovação para sobreviver ou manter o status.
Um exemplo de empresa bem sucedida que já não vai bem das pernas é a finlandesa Nokia, símbolo do sucesso global no setor de celulares. A companhia perdeu a liderança mundial de venda de smartphones em 2011 e anunciou recentemente a demissão de mais de 10 mil funcionários. Agora, corre o risco de tomar o mesmo caminho de outras antigas potências do mercado. Abaixo, CartaCapital reuniu uma lista de megaempresas que atualmente passam por dificuldades. Confira:

Kodak
De inventora das câmeras de mão à falência? Foto: Viktor Nagornyy/Flickr
A Kodak é, talvez, o maior exemplo de empresa bem sucedida em apuros. A centenária inventora das câmeras de mão, famosa também por ter milhares de filmes de Hollywood feitos com seus rolos de celulóide e por ter registrado as primeiras imagens da Lua, entrou com pedido de recuperação judicial no Tribunal de Nova York em janeiro deste ano. O objetivo é reestruturar seus negócios, que perderam espaço para as câmeras digitais pessoais e no cinema.
A empresa recebeu 950 milhões de dólares em uma linha de crédito de 18 meses do Citigroup para se organizar. Seria tempo suficiente para vender algumas de suas 1,1 mil patentes digitais e remodelar os negócios para garantir o salário de 19 mil funcionários.
No auge, a Kodak chegou a empregar 60 mil pessoas e ter 150 bilhões de dólares em valor de mercado. Nos últimos 15 anos, porém, seu preço caiu para 31 bilhões. Desde 2007, não registra lucro, falhou em estancar a perda de recursos e na tentativa de entrar no mercado de impressoras pessoais e comerciais. Até o final de setembro de 2011, a companhia tinha um total de ativos de 5,1 bilhões de dólares, mas com passivos de 6,75 bilhões.
Nokia
A Nokia perdeu em 2011 a liderança mundial em fabricação de celulares. Foto: John.Karakatsanis/Flickr
A empresa finlandesa já foi a maior fabricante de aparelhos celulares do mundo, posto que perdeu para a Samsung Electronics no ano passado. E 2011 não foi o melhor momento da empresa. Após 15 anos, a Nokia deixou de ser a líder em vendas de smartphones – que criou em 1996 -, ultrapassada pela Apple e a Samsung.
Há cerca de um ano, atravessa uma profunda reestruturação. Venderá, inclusive, a divisão de telefones de luxo Vertu. Para competir em melhores condições no mercado dos EUA, precisou reduzir o preço de um dos seus aparelhos mais famosos.
Em busca de maior competitividade, a empresa anunciou em junho o corte de até 10 mil empregos até fim de 2013 para reduzir gastos. A ideia é economizar 1,6 bilhão de euros.
No setor de smartphones, a queda estaria relacionada à escolha do sistema operacional dos aparelhos. Enquanto o Android ganha mercado, a Nokia utiliza o criticado Windows Phone desde fevereiro de 2011. Nos últimos cinco anos, a empresa perdeu 90% em valor, dois terços desde o início do uso da nova plataforma.
No final de junho, a Nokia tinha valor de mercado de 9,3 bilhões de dólares. Se quisesse, o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, poderia comprar com folga a empresa com sua fortuna de 15,1 bilhões de dólares. Algo impensável em 2000, quando a companhia valia 269 bilhões.
Yahoo
Em crise, Yahoo tenta não perder mais espaço com as vendas publicitárias. Foto: Yodel Anecdotal/Flickr
O Yahoo já foi gigante e reinou nos primórdios da internet. Mas nos últimos anos perdeu espaço em inovação e disputa com o Google a liderança em publicidade. Chegou inclusive a considerar uma fusão com a AOL, outra gigante da web em decadência.
Com o avanço das redes sociais, o Yahoo sofreu grandes perdas. A companhia que já chegou a valer cerca de 80 bilhões de dólares está avaliada em 22 bilhões. A queda ocorreu conforme a empresa perdia milhões de usuários e receitas de publicidade para o Google e o Facebook.
Em 2008, a companhia, dona do segundo maior sistema de buscas do mundo, rejeitou uma oferta de 47,5 bilhões de dólares feita pela Microsoft ao dizer que a empresa de Bill Gates subestimava a “marca global” da empresa e seus 700 milhões de visitantes por mês.
Na tumultuada gestão de Carol Bartz – demitida em 2011 -, a empresa tentou se reestruturar por meio de cortes de gastos que resultaram em 1,2 mil demissões nos EUA e no debelamento de seu patrimônio, encerrando diversos produtos como o buscador AltaVista, Delicious e Yahoo Buzz. Os esforços, no entanto, não diminuíram os prejuízos.
Sob o comando do Bartz, as vendas publicitárias do Yahoo, carro chefe da empresa, registram perda de 60% no mercado. Além disso, um acordo com o Google para aumentar a receita com o sistema de buscas não teve os resultados esperados. Atualmente, os mercados mais fortes da empresa estão na Ásia.
AOL
Hoje, a marca Huffington Post vale mais que a sua dona, a AOL. Foto: Jason Persse/Flickr
A AOL também surfou nos primórdios da intenet e lucrou bilhões de dólares ao se transformar no maior serviço de provedor da web no mundo. Mas, após o rompimento da fusão com a Time Warner, a companhia perdeu quase 800 milhões de dólares. A junção, que havia ocorrido em 2000, foi considerada extremamente mal-sucedida pelos críticos e rendeu à TW a “obrigação” de sustentar a parceira durante a duração do acordo.
O Google chegou a ser dono de 5% da AOL em 2005. À época, a empresa valia 20 bilhões de dólares. No ano passado, o valor havia despencado para 1,6 bilhão de dólares.
Em 2010, a empresa anunciou ter obtido um prejuízo de 1,06 bilhão de dólares no segundo trimestre daquele ano, que estava relacionada à queda das ações e a venda da rede social Bebo. A renda com os provedores caiu 26%. Na época, era esperado um lucro de 602 milhões de dólares.
Nos anos seguintes, a AOL continuou sofrendo com problemas de receita e conseguiu lucros modestos. Apostou em uma parceria com o Google para dividir as receitas obtidas com as pesquisas e publicidade no conteúdo da AOL no YouTube – principalmente shows musicais, além da busca por novos assinantes.
Para estancar as perdas, em 2011 a empresa comprou o site de notícias Huffington Post por 315 milhões de dólares. O portal é o único de notícias voltado apenas para a internet entre os 10 maiores do mundo. Com cerca de 25 milhões de visitantes mensais, foi o primeiro a ganhar o conceituado prêmio Pulitzer de jornalismo. Mas a crise é tamanha que a marca Huffington Post vale 358,6 milhões de dólares, mais que os 156,3 milhões da AOL, sua dona.
Sharp
Nos anos 80, a fabricante japonesa de eletrônicos era sinônimo de prestígio e eficiência. Foto: Reprodução
Nos anos 80, a fabricante japonesa de eletrônicos era sinônimo de prestígio e eficiência. A empresa conseguiu a marca histórica de não ter sequer um prejuízo anual entre 1953 e 2009, quando já estava em crise há anos. Seu mercado encolheu devido à disputa com a Sony e outras empresas. O clima incerto fez com que a empresa demitisse 1,5 mil funcionários e fechasse duas fábricas de LCD no Japão e algumas linhas de produção, além do corte de salários dos executivos. O prejuízo, naquele ano, foi de 990 milhões de dólares.
A Sharp tenta reverter as perdas desde então, mas apresentou para o fechamento do ano fiscal de 2011 – que terminou em março deste ano – previsão de prejuízo líquido de 4,66 bilhões de dólares.
Para estancar as perdas, a empresa vendeu neste ano 9,9% de suas ações ao Hon Hai Group, grupo de Taiwan que detém o controle de companhias como a Foxconn, por 1,6 bilhão de dólares. O acordo prevê a aquisição por parte da Hon Hai Precision Industry de cerca de 46,5% da unidade de fabricação de painéis de LCD da Sharp, localizada na cidade de Sakai, por 797,7 milhões de dólares. Garante também a compra de até 50% dos painéis produzidos na unidade no prazo de três anos. Especulações apontam que o investimento seria para produzir as telas de uma futura TV da Apple.
Mesmo em crise, a Sharp é líder na produção de LCDs.  Valia, em 2010, 12 bilhões de dólares.
No Brasil, a empresa deixou as prateleiras no final dos anos 90. Retornou operações no País nos anos 2000, mas mantém atuação com impressoras empresariais e televisores de LED da linha Aquos.

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