Cada período histórico tem sua lógica, e cada um que o viveu tem as suas. O tempo histórico era 1982, ano em que tivemos no Brasil eleições diretas para os governos dos estados, depois de anos de ditadura, sem eleições diretas. No Pará, o deputado Jader era o candidato do PMDB, que neste tempo representava o partido da oposição e de enfrentamento com a ditadura, era referência paras as esquerdas no Brasil, isto é história. Se depois com a fundação de novos partidos, com a legalidade dos partidos comunistas, que se abrigavam no PMDB, com a eleição de Tancredo Neves para presidência do Brasil os rumos foram outros, é outra história e, cada um vive e controe o seu tempo.
A história é dinâmica e mesmo o PT, que se funda lutando contra o latifúndio, a corrupção e a ideia de partido único, sofreu mudanças na sua história. O PT de 1980 jamais pensaria em alianças com Sarney, com o Color, em passar pelos escândalos de 2005, em ver seus parlamentares envolvidos em denuncias do MP. O que quero afirmar, é que os partidos são feitos de homens e mulheres de acordo com seu tempo. O PMDB foi fundamental na luta contra ditadura e Jader Barbalho foi um líder no Pará, que contribuiu para implantação da democracia e do estado de direito no Brasil e no nosso estado.
O PMDB mudou, o PT também e, quando publiquei a foto, é para demonstra que não me envergonho da minha história, porque ao fazê-la, fiz pautada na minha lógica e na conjuntura do meu tempo. É caro que em 1982, o debate no campo dos partidos era outro. A governadora Ana Júlia era da caminhando e coordenou junto comigo, e o Sérgio Carneiro a eleição vitoriosa do Humberto Cunha para a vereança de Belém.
Humberto foi eleito o quinto vereador mais votado, com mais de 5.000 mil votos, com uma campanha que usou sua história de militante político, que tinha enfrentado a ditadura.
O PC do B, o PCB, o Ademir Andrade que depois fundou o PSB, o Benedito Monteiro que depois fundou o PDT, o Paulo Fonteles que era do PMDB e depois assumiu sua militância pública no PC do B, o Jinkins que estava no PMDB e depois assumiu sua militância no PCB, o Flávio Nassar que neste tempo "aproximava-se' do hora do povo, e todos nós da caminhando, que nos anos da ditadura estávamos no PMDB, em uma frente chamada “frente popular do PMDB”, apoiamos Jader contra Oziel, candidato da ditadura, dos governos militares e de seu partido antiga Arena depois PDS.
Neste tempo, o debate de muitos fundadores do PT, é que era hora de fundar um partido de classe. Por isto PT. É uma parte razoável da militância de esquerda, avaliava que era necessário ainda reforçar os partidos de frente populares, ainda mais que seria a primeira eleição direta.
O que é importante, é que aquela geração fazia política com amor e com a vida, corríamos da policia e acreditávamos nos nossos sonhos. O PT foi fundado e com a mudança de perfil do PMDB, muita gente saiu do PMDB. Deixou de militar nas suas fileiras, ajudando a fundar e dar fôlego para o PT. Nesta situação, lembro que o governador eleito do Rio Grande do Sul, Tarso Genro era do PMDB, e junto com vários militantes de esquerda fundaram o Partido Comunista do Brasil, o PCR, do qual fez parte, aqui no Pará eu, a governadora Ana Júlia, e todos os que vocês viram na foto e muitos outros.
Eu fiquei muito empolgada com o debate.
Vamos publicar memórias desta conjuntura e de outras eleições. Vocês podem lembra que muita gente mudou de partido, foi para outros rumos e fez história e, que a esquerda no Pará teve várias raízes e que em vários momentos se juntava para lutar por direitos humanos, por direito de morar, por educação para todos, para defender seus programas e denunciar as mortes no campo. Está aberta, aqui no blog, a temporada de avaliação das conjunturas dos anos oitenta no Pará.
Belo passeio pela história política do Pará. Admiro sua coragem e imparcialidade em alguns de seus comentários, gosto do seu blog, que bom que temos pessoas como Vc. contribuindo com seu conhecimento a viver momentos como este.
ResponderExcluirSeu puxasaquismo com os barbalhos está ficando piegas.
ResponderExcluirA vida é um longo caminho cheia de desafios e zigue zagues. Quem diria que a turma do Humberto Cunha, 30 anos depois está a caminho do PCdoB. Abraços
ResponderExcluirmario Hesketh
Voce poderia identificar cada um da histórica foto?
ResponderExcluirQuando eu penso que o Roberto Correa foi desautorizado por um DAS de 3º escalão do gov.,imagino como a coisa mudou.Brilhante Prof.Manda ver a história.Foram esses militantes que ajudaram a construir a nossa tão sonhada democracia,que elege cidadão comum :Presidente da República,Senadores,Governadores,Prefeitos,Deputados e Vereadores.Essa democracia que combate á exploração do homem pelo homem em todos seus aspectos sociais e étnico etc...
ResponderExcluirSim, já identifique:
ResponderExcluirveja o link:
http://edilzafontes.blogspot.com/2010/12/no-blog-do-flavio-nassar-estudantes-do.html
Sim, já identifique:
ResponderExcluirveja o link:
http://edilzafontes.blogspot.com/2010/12/no-blog-do-flavio-nassar-estudantes-do.html
Oi Edilza, parabéns pelo sucesso do teu blog.
ResponderExcluirTenho muito prazer em participar dessa avaliação. Como sabes, fomos camradas do mesmo partido. Lembro muito bem que era o chamado voto "camarão". O PT tinha todos os outros candidatos mas não tinha candidato ao governo. Por isso era o voto sem cabeça. Todo mundo votou no Jader contra a ditadura. Interessante era a propaganda eleitoral da época na TV, lembra? Aparecia a cara do candidato dizendo que era fulano de tal. Na maioria das vezes o currículo não passava simplesmente de pedreiro, carpinteiro e por aí vai.
Eu também era estudante de Comunicação, colega da Cristina, mas militava na Organização de Base Pedro Pomar, do PRC, que tinha como fachada a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SPDDH), onde fazíamos o "Resistência". O Luiz Macklouf era o editor. E haja porrada e prisão.
Fico por aqui por hoje.
Um grande abraço
Raimundo Sena
o que acho triste é que depois de tanta luta no passado construindo um PT verddeiro, hoje nos decepcionamos com pessoas novas mais interessadas em DAS, do que em uma proposta de fato. Fico feliz de ter participado do início do PT, bem como da eleição do nosso eterno guru HUMBERTO CUNHA.
ResponderExcluirFernando Rassy (estou na foto com orgulho).
Caro Rassy
ResponderExcluirNão fiques triste. Alegre-se. De alguma forma esse diálogo tem uma capacidade reflexiva estraordinária. Mesmo que estejamos pagando um preço caro por isso.
Edilza, um grande abraço;
Paulo Weyl
Caro Rassy
ResponderExcluirNão fiques triste. Alegre-se. De alguma forma esse diálogo tem uma capacidade reflexiva estraordinária. Mesmo que estejamos pagando um preço caro por isso.
Edilza, um grande abraço;
Paulo Weyl
Edilza, voce tem toda razão, nao se pode pensar as atitudes políticas que tomamos fora do contexto e das atitudes táticas que pretendemos para atingir o objetivo maior.
ResponderExcluirNaquele momento o imperativo era derrubar a ditadura e assegurar a democracia, sem o qual nao teríamos, chegado no Brasil atual.
A consciência táticas dos comunistas no momento, foi muito importante para isto.
Agora um retificação, eu nao estava me aproximando do Hora do Povo, eu ja estava no MR8, que na direçao nacional tinha o Franklin Martins, o Ricardo Zaratini, na epoca no PMDB e que depois foram pro PT, entre outros.
Explicando para os mais novos,mania de professor, naquele tempo como as organizacóes ou partidos de esquerda estavam na clandestinidade, todos eramos identificados pelos jornais vinculados à essas organizacòes. Assim quem fosse do MR8 era conhecido por pessoal do Hora do Povo, os do PC do B, como da Tribuna da Luta Operaria, o povo do PCB eram da Voz Operária e tinha o pessoal do Resistencia e muitos mais.
Legal por teres ampliado o debate!
Muito interessante o resgate desse honroso passado Profª Edilza.
ResponderExcluirA respeito da eleição do companheiro Humberto Cunha posso ajudar declarando que isso ocorreu no IPAR. O Humberto era candidato a deputado estadual nas eleições de 1982. Um grupo de seminaristas e estudante de Teologia do qual este reverendo fazia parte encontrou o humberto saindo da sala da CPT - Comissão Pastoral da Terra - e argumentou com ele se não era bem melhor pro seu trabalho político sair candidato a vereador por Belém, considerando que aqui se concentrava a maior parte de sua militância. Ele respondeu: "discutam isso com a ISA" (Profª Isabel Cunha, de saudosa memória). A partir desse momento a estudantada de teologia operou a facilitação da proposta porque a referida professora ministrava a disciplina História da Amazônia para o curso de Teologia do IPAR - Um dos centros formadores de quadros com visão progressista.
Estou contando um pouco dessa história porque é muito digna e participei dela com muita dedicação na ocasião.
Tempo em que éramos um irmão religioso da Sociedade de Vida Apostólica São Cristovão no Bairro do Guamá, cujo superior era o não menos combativo Padre Savino Mombelli.
Fizemos a campanha sem muitos recursos, mas de grande visibilidade. Conseguimos trazer para Belém em apoio à campanha o senador Teotonio Vilela e a 1ª mulher prefeita de capital no Brasil, Mª Luiza Fontenelle, em assemb´léia geral da campanha dentro do auditório do colégio nazaré.
Foi um dos vereadores mais votados no pleito de 1982.
Haja emoção.
Obrigado.
Rev.Fernando Ponçadilha-50 anos.
Igreja Anglicana
Muito bonita a história, professora. A senhora tem fotos da deputada federal Lúcia Viveiros desse tempo?
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