Profª Edilza: Deputado Carlos Martins, o senhor é deputado eleito em 2006, está no seu primeiro mandato. Não seria mais confortável tentar mais uma vez a candidatura a estadual? Por que o senhor está pensando em sair candidato a deputado federal pelo PT em 2010?
Carlos Martins: Na verdade, a discussão interna sobre as candidaturas se dá nas tendências do partido. Na Unidade na Luta, tendência da qual faço parte, a provável candidatura do deputado Paulo Rocha ao senado, abriu um debate sobre as candidaturas a deputado federal e deputado estadual, sendo natural que os dois deputados estaduais da tendência sejam lembrados para saírem candidatos à Câmara Federal.
Profª Edilza: O senhor é da região do Oeste do Pará, acha possível que sua pré-candidatura a deputado federal tenha aceitação em outras regiões?
Carlos Martins: A região Oeste do Pará é composta por cerca de 25 municípios, e possui um grande eleitorado, com potencial para eleger vários deputados estaduais e federais. Além disso, é possível ampliar a discussão para a região metropolitana de Belém, que tem a maior população do estado e sempre acolhe todas as candidaturas. Por oportuno, lembro que obtive votos em 137 municípios do Pará.
Profª Edilza: O PT, pela avaliação de seu Diretório, está pensando em fazer no mínimo quatro deputados federais, para isso o partido precisa ter na legenda mais de meio milhão de votos, se levarmos em consideração que o provável coeficiente será de 160 mil votos. O senhor acha isso possível?
Carlos Martins: É possível, pois as candidaturas postas até o momento possuem potencial para receberem em torno de cem mil votos, cada, o que permitiria atingirmos a votação de quinhentos mil votos para a chapa proporcional do partido.
Profª Edilza:A provável saída do deputado federal do PT, Paulo Rocha, para o senado. Aliás, o mais votado pelo partido nas últimas eleições, não enfraquece a chapa para federal? O PT fará coligação para deputado federal? Com quem?
Carlos Martins: Acredito que hoje o PT tem condições de conseguir uma maior votação para a legenda, pois tem candidatos com uma trajetória política muito bem consolidada e com a possibilidade de repetir, e até mesmo ultrapassar a votação obtida pelo deputado Paulo Rocha em 2006. Além disso, é possível coligar com partidos aliados como PSB, PC do B, PSC e PP agregando uma maior votação para a nossa coligação proporcional.
Profª Edilza: Deputado Carlos Martins, em todas as eleições que o PT concorreu no Pará, a Unidade na Luta, uma das correntes do PT, sempre teve um candidato a deputado federal, o Paulo Rocha. Em 2010, terá dois? Qual a avaliação que fez a tendência, para lançar dois pré-candidatos a federal?
Carlos Martins: Esta questão ainda está em discussão na tendência. O que tem sido evidenciado é que as candidaturas apresentadas, diferentemente do Paulo Rocha, não têm atuação política efetiva em todo Estado, portanto é mais difícil obter uma votação homogênea nas regiões. Desta forma, a tendência, modificando a estratégia, poderá apresentar duas candidaturas com forte potencial regional e com isso somar mais votos para a legenda.
Profª Edilza: Deputado o senhor é médico, qual sua avaliação da saúde pública no Estado?
Carlos Martins: A gestão do sistema de saúde deve ser compartilhada entre a União, o Estado e os municípios. A porta de entrada do sistema é a atenção básica, que deve ser de responsabilidade das secretarias municipais de saúde. A Sespa cuida da regulação, coordena o sistema e oferece serviços de maior complexidade. O Ministério da Saúde repassa recursos para o Estado e os municípios. Temos muitas dificuldades na gestão e no financiamento do sistema, o que tem determinado problemas de acesso e na qualidade dos serviços prestados. Porém, com o planejamento e controle social estamos avançando nesta política pública tão importante para a população.
Profª Edilza: Deputado Carlos Martins, o que o senhor pretende defender, na sua campanha de provável candidato a deputado federal, para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, principalmente para região Oeste do Pará ?
Carlos Martins: Caso assim seja decidido, continuarei atuando em prol do desenvolvimento sustentável regional, o que já venho fazendo como deputado estadual, tanto na participação direta com a população e outros segmentos representativos, como através de proposições concretas. Neste caso, posso citar a emenda a LDO para que na lei orçamentária seja encaminhado anexo com a regionalização das dotações orçamentárias para as regiões do Estado, que consiste, dentre outras coisas no planejamento regionalizado para o desenvolvimento econômico e social; e na gestão adequada dos recursos naturais e a proteção ao meio ambiente. Também apresentei proposição visando a criação de agências de desenvolvimento em Santarém, voltada ao Baixo-Amazonas, e em Marabá, direcionada ao sul e Sudeste paraenses, o que, aliás, faz parte de compromissos de campanha da governadora Ana Júlia.
Profª Edilza: Deputado Carlos Martins, com certeza o debate sobre o futuro Estado do Tapajós, será pautado nas eleições 2010, você defende a criação deste novo Estado?
Carlos Martins: A criação de novos estados é um debate que será decidido no âmbito de uma discussão nacional, já que são vários os possíveis novos estados. Um aspecto que ocasiona esse sentimento de criação foi a ausência de um governo que administrasse o Pará de forma regionalizada, com aplicação de políticas públicas efetivas.
A criação do Estado do Tapajós é a principal proposta de desenvolvimento da região Oeste do Pará, pois irá direcionar mais investimentos.
Porém, esta questão depende do Congresso Nacional, que é onde está tramitando o Projeto de Lei que estabelece a realização de um plebiscito no Estado do Pará. Como esta decisão não depende apenas das forças políticas estaduais, apoio a proposta do atual Governo, de integração regional e ampliação dos investimentos regionais e da descentralização político-administrativa do Estado, pois desta forma haverá mais autonomia e recursos para as diferentes regiões do Pará.
Obrigada deputado Carlos Martins.
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